Roger Waters, The Wall, Março 2011




Na segunda noite em Lisboa, o muro voltou a cair. Roger Waters voltou esta terça-feira ao Pavilhão Atlântico para apresentar ao vivo “The Wall”,ópera-rock dos Pink Floyd, lançada em 1979. Perante uma plateia familiar, com muita gente que não era nascida quando “The Wall” foi lançado, Roger Waters arrasou, com um espectáculo que foi ao mesmo tempo grandioso e emotivo, sem nenhum detalhe descurado.

Waters ganhou Lisboa ao primeiro tema, um avião sobrevoa a plateia e embate no muro, fogo-de-artifício e começa “In The Flesh”. O público ainda não estava preparado para um momento tão forte, mas não demorou a entrar no mundo de Waters. “Boa Noite Lisboa, Bem-Vindos” disse-nos um afável Roger Waters, a plateia respondeu com dedicação.

Enquanto o muro ia sendo construído, repetiu-se em uníssono “Another Brick In The Wall I”, com crianças do bairro da Cova da Moura a apontar “expulsar” o conhecido professor, aqui em versão insuflável gigante e “Mother” emocionou. “Goodbye Cruel World” fechou o muro e seguiu-se um intervalo na obra. Imagens de pessoas assassinadas, em guerras ou não preenchem o muro durante a pausa e a mensagem “Não serão esquecidos”, uma das mais repetidas durante a noite, mantém-se presente.

Ainda atrás do Muro “Hey You” abre a segunda parte, para depois se questionar “Is There Anybody Out There?”. Mais tarde, “Confortably Numb” traz um dos melhores e mais fortes momentos da noite, depois de imagens de soldados a regressar para os filhos depois da guerra, um dos temas mais poderosos de “The Wall”.

Entre um porco, uma mãe ou um professor insuflável, Waters vestiu-se de guerra naquela que é uma obra baseada na sua perda pessoal: O músico perdeu o pai na guerra, ainda enquanto bebé. Ao retratar-se, Waters retrata-nos, expõe-nos aos nossos defeitos. Mostra imagens de guerra, critica a sociedade de consumo ironicamente. Nos ecrãs leu-se “iKill”, “iProfit” e um dos maiores apupos da noite surgiu quando o símbolo da gasolineira “Shell” apareceu atirado de um bombardeiro ou quando à questão “Should we trust the government?” a resposta surge desenhada no muro: “No Fucking Way”.

Visivelmente emocionado, Waters garante que não havia melhor sítio para começar a digressão europeia. Nós, que não esqueceremos este concerto por muito tempo, fazemos a vénia e concordamos.

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