Analfabetos altivos

Ao observar as novidades que por estes dias enchem os escaparates das livrarias não posso deixar de recordar as palavras deste escritor clássico-moderno francês que em A literatura no estômago [Assírio & Alvim, 1987], um planfleto publicado em 1950, escrevia que a arte literária não só era vítima desgraçada de uma massificação vazia, como estava submetida às perversas regras analfabetas do não-literário. Nesse texto premonitório, de uma actualidade cortante, Julien Gracq arremetia já contra a «literatura alimentícia», essa espécie de fast-food literário imposto pelo mercantilismo editorial emergente e que haveria de se tornar, nos nossos dias, na dieta compulsiva dos «analfabetos altivos».

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